Como evitar o desperdício

Expresso, 01/12/2007. João Ramos.

Michael Gentle esteve em Lisboa para explicar porque os projectos informáticos saem mais caros do que o previsto.

Já não é novidade que os novos projectos informáticos das empresas falham com frequência os objectivos: atrasam no cumprimento dos prazos ou ultrapassam o orçamento inicial.

Foi para ultrapassar este velho problema que Michael Gentle, consultor da Compuware, escreveu o livro 'IT Success!' ('Sucesso nas tecnologias de informação') que tem vindo a dar que falar no sector.

Recentemente Michael Gentle esteve em Portugal para participar em dois seminários organizados pela Novabase e pela IDC e explicou ao Expresso como combater o problema. "Tradicionalmente os departamentos de informática das empresas são meros receptores de pedidos em vez de serem um verdadeiro parceiro com um real envolvimento nos projectos que interessam ao negócio da empresa", explica o especialista da Compuware, referindo faltar muitas vezes "abertura para se discutir e colocar alternativas".

A segunda razão, segundo Michael Gentle, é "não haver uma noção de custos". "Em grande parte das organizações, o departamento de informática tem liberdade de acção na questão dos preços", observa. Por isso, defende que deve haver uma política de preços de forma a ajudar a regular a procura. "Deve tentar-se reduzir tanto quanto possível essa procura porque excede sempre a capacidade de resposta", sublinha Michael Gentle.

Para conseguir esse objectivo recomenda um envolvimento adequado e a existência de um gestor de contas com poder e capacidade para gerir relações entre as partes. "Será um cargo que vai estabelecer o diálogo e que pode reduzir as encomendas injustificadas na casa dos 50%, porque atribui custos e só vai dar luz-verde a projectos que se justificam", refere Michael Gentle. E conclui: "Há que implementar uma contabilidade interna de atribuição de custos de forma a que quem pede perceba que também há custos". JR